O BLUSÃO

O blusão de cabedal de cor apagada e surrado, que outrora fora castanho que eu vi, não estava na montra, mas estava do outro lado do vidro.
Movia-se nos gestos de alguém, sebento e brilhante com nódoas engorduradas, mas ainda aconchegava do frio o corpo que o vestia.
Era um blusão feito de pele de búfalo, reconheci-o, mas estava tão mudado, marcado, gasto no lugar dos cotovelos pelos gestos repetidos nos mesmos lugares, também me reconheceu, mas passou ao meu lado igual a um trapo vulgar.

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