Dois meses passaram

E volto a abrir as venezianas e escancaro as vidraças da minha janela onde me debruço e deixo o vento gelado fustigar-me e esgadelhar-me os cabelos e, ensopa, a lágrima que escorre no meu rosto, enquanto espreito a vida no lugar onde mora a minha saudade, na Casa Emanuel, a poucos quilómetros do aeroporto, em Guiné-Bissau.
Ali experimentei a verdadeira essência do amor e senti-a ser derramada no meu coração. O calor, a humidade era intenso, incomodativo e meu corpo não estava habituado, mas as minhas forças eram renovadas a cada dia.
As minhas noites passeiam sem dormir por causa do calor,  ou passava-as ao lado dos pacientes internados ou das grávidas em trabalho de parto, mas meus sentidos sempre estiveram despertos e activos.
Os meus hábitos alimentares, não estavam de acordo com a alimentação, mas comia e tudo me sabia bem.
Agora aqui debruçada na minha janela medito e choro grata a DEUS por me ter levado a esse lugar especial sentir o restauro que Ele fez na minha vida dizer valeu a pena ter passado pela roda do oleiro e pelo fogo, porque hoje sou feliz.
A minha forma de pensar, agir e sentir, foram moldados pelo amor que inunda aquele lugar fazendo o meu coração desejar voltar aquele lugar.