Hoje
obriguei-me a escrever qualquer coisa, que me acorde para a vida e me
faça ir até há minha janela, sair desta espécie de apatia onde me
escondo até sentir pena de mim.
Sacudi
a manta onde me enrolei e espreitei para la da chuva num céu
cinzento de inverno onde as temperaturas frias nos fazem doer até
aos ossos. Aconcheguei-me no casaco de malha quentinho e encostei-me,
embaciando as vidro com o vapor quente da minha respiração, com o
dedo desenhei um coração e atravessei-o com uma seta e fiquei ali
olhando aquele desenho meio naífe a despenhar-se lentamente ate ao
parapeito da janela.
A
chuva tornou-se mais intensa , os pingos pareciam pedras a bater
contra as vidraças, de vez enquanto um rugido vindo de longe soava
pelos ares até aos meus ouvidos, quando uma pomba veio abrigar-se no
beiral da minha janela. Ela olhava para mim, mas perante o meu ar
estático, não se assustou e eu sorri para ela e para mim.
Uma
pomba é símbolo de paz , talvez a paz que eu precisava, mesmo em
tempo de intensas trovoadas e de chuva, escancarar a minha janela,
e gritar o que me alegre, o que me entristece e o que me diverte.
O
chuva parou, a pomba sacudiu as asas olhou para mim, rodando a
cabeça, como as aves fazem, e ao ver a minha cara rasgar um sorriso
voo .
E eu
fiquei a pensar