Fiquei a olhar a rua onde apenas alguns carros estão estacionados e um ou outro passa rasgando o som desta manha silenciosa , que sem querer fui lá atrás no tempo e lembrei o primeiro dia em que vim viver para este bairro. Havia muita criança , nas ruas muitas gargalhadas e brincadeiras .
No verão vizinhos sentavam-se as portas até as tantas da noite a conversar a rir o que muitas vezes se tornava difícil para mim que trabalhava em turnos e precisava dormir, mas ao mesmo tempo me era agradável porque me sentia acompanhada na minha solidão .
Hoje já não se ouve ninguém, as portas fecham-se em silencio quando a noite cai e somente o latir de cães quebra o silencio que fica a pairar no ar.
Fechei a janela com alguma nostalgia e voltei a realidade que
nos distancia uns dos outros e nos torna tão silenciosos e quase
indiferentes e assim continuei a minha jornada de afazeres duma
mulher aposentada que deixa para amanhã o que
não apetece fazer hoje.