Hoje visitou-me a saudade e fui com ela recordar momentos em lugares que partilhamos juntas por esse tempo tão curto em que vivemos na aldeia Flor da Rosa, mesmo ao lado do Crato.
Começamos pela casa grande, velha, com quase 100 anos, sem tetos onde o Paixão morava sozinho há muitos anos . Sentamo-nos à lareira naquela cozinha gigante onde as tralhas se amontoavam à espera que alguém as arrumasse ou lhes desse alguma utilidade.
A saudade e eu percorremos o imenso corredor até as traseiras, por onde outrora passaram animais e carroças e depois com tempo foi perdendo espaço para caminhar por causa dos eletrodomésticos amontoados vindos duma casa velha onde teria havido uma loja tinha sido encerrada para a realização de obras e reconstruir a casa.
Rimo-nos da queda, naquele pequeno espaço entre sacos e saquinhos e outros objetos acumulados pelo chão que fizeram meus pés tropeçar e bater com as nádegas no chão, rimo-nos muito, porque eu e a saudade nos lembramos da forma como me levantaste e me pediste desculpa agarrando-me e dançando.
Também fomos as duas até à casa em reconstrução onde as obras haviam parado, por muitas rasões, económicas e principalmente por falta de motivação mas juntos de mãos dadas conseguimos terminar a casa e morar nela até ao dia em que partiste.
Entramos no quarto e ao olhei para a saudade, vi-lhe lagrimas nos olhos, estava a chorar por causa das minhas confidências e dos meus desabafos, porque ela sabia o quanto eu chorei naquela cama sozinha por muito tempo.
Depois passeamos pelas ruas, visitando esse pequeno tempo que vivi a teu lado. Parei diante daquela porta e vi-nos lá dentro os dois de mãos dadas dizendo sim ao compromisso de casamento. Era para a vida, para sempre, até ao fim, sem imaginar que seria tão pouco o tempo.
E assim a saudade eu prometemos ficar juntas e recordar cada momento desse tempo em que tu e eu fomos nós.
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