Sufocada

Quase que mofo, aqui escondida por detrás da minha janela, por não me ter apetecido abri-la, nem espreitar através dela. Não por falta de assunto que me faça debruçar sobre ela e descrever o que se passa no meu dia a dia consciente ou inconsciente, delírios de uma loucura inconformada com as realidades da vida de muitas gentes que me adoecem os pensamentos e arrefecem o meu amor. Não sei viver de faz de conta, nem pensar de maneira diferente. Ou será que aprendi errados os valores que me ensinaram em criança? Ou será que passaram de moda sem que eu desse por nada? É desconfortável ver como as pessoas tratam a vida de cada um, sem o menor respeito ou sentimentos. É desumano olhar para as vidas que ajudamos a construir sentirmos que não fazer-mos parte delas. É triste amar quem simplesmente nos deixa de amar, porque incomodamos. Sufocada pelo desespero que me provocaram estas interrogações abri a janela para respirar fundo e gritar.