A Kika e eu

Ficamos as duas debruçadas na janela a olhar para a rua ,onde não passava ninguém, eu e a gata de cor cinzenta, mesclada em tons de vários cinza, com orelhas espetadas, num focinho meigo e uns olhos atrevidos.
Mordiscava-me as mãos e fixava o seu olhar lânguido e sedutor em mim e ficava à espera para ver meus lábios sorrir e voltava a mordiscar-me e prendia-me as mãos num abraço com as suas patas leves com as unhas afiadas que cuidadosamente escondia.
Miava baixinho quase sussurrando em segredo e de repente erguia-se numa tentativa frustrada de apanhar o passarinho, que poisava nas ramas, por baixo da janela, e roçava-se em mim passeando-se com o rabo pela face, trazia-me de volta desse lugar distante e quase real,lugar de sonhos inacabados.
E ficamos a espreitar a rua, as duas a Kika eu ,na minha janela.

É NATAL


Se eu pudesse escrever todas as coisas do meu pensamento e dizer nestas palavras tudo o que sinto tudo o que penso neste momento e não ter esta saudade a apertar meu peito.

É Natal, juntam-se as familias para comemorar o nascimento de Jesus e sentirem saudades dos que já partiram e se alegrarem com os presentes e com os que estão para chegar.

É natal e a solidão aumenta no seio de muitas outras famílias onde as partidas não tem regresso os presentes já não existem e também não há chegadas

Eu vou passar o Natal em familia, na família de Jesus, e festejar o nascimento do filho de Deus que morreu por amor a uma humanidade que venera um pai natal ,comercial feito pelos homens, mais um ídolo destes novos tempos, mas que a palavra de DEUS condena, dizendo-nos que são apenas obra das mãos do homem e servem a sua própria condenação.
Jesus, é só um e o único mediador, o único entre o céu e o único que venceu a morte ressuscitando ao 3ºdia

SALMO 11
V3, Mas o nosso Deus está nos céus :faz tudo o que lhe apraz. V4, Os ídolos deles são de prata e de ouro , obra das mãos do homem. V5, Tem boca, mas não falam; tem olhos , mas não vêm. V6, tem ouvidos, mas ouvem; nariz têm mas não cheiram: V7, tem, mas não apalpam; tem pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta:
V8, E tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles confiam.


Feliz Natal

2008 com saúde na paz do Senhor Jesus

A janela do teu PC

Desligaste, mas eu fiquei mais um pouco,debruçada na minha janela,voltei a ler tudo o que escreveste,e entre duvidas se na realidade existes ou se fui eu que te inventei, fiquei a olhar a tua janela.
Persegui detalhadamente os contornos dessa moldura, e fixei-me na imagem da tua janela, aninhei-me abraçada nos meus braços, e fingi que eram os teus. perdi-me em fantasias e delirei.
E procurei os beijos e as carícias, procurei os sons e a tua voz, procurei-te aqui e na distância, nos teus cheiros que eu não conheço, e perco-me em mim nesses devaneios,e vagueio em sonhos onde não adormeço
Olhei a tua janela mais um pouco, e despeitei cansada, de me abraçar…

SE PUDESSES

http://bitu.blogs.sapo.pt/arquivo/cores%20do%20Alentejo.JPGVer tudo o que eu vejo , se pudesses ver as cores deste quadro pincelado, nas vidraças da minha janela, se pudesses ouvir o canto dos pássaros, e o esvoaçar das borboletas nesta paisagem, com cores quentes de papoilas, em gritos de liberdade com gotas de orvalho a turvar a visão do sol, nessas cores garridas que mesclam os campos com aromas de poejos.
Se pudesses ver o que eu vejo.
Saberias porque amo tanto este Alentejo.
Se pudesses ver os tons deste arco-íris e vislumbrar o horizonte delirante dessa tela, de cores estonteantes caídos do céu em reflexos luminosos, e sentir o vento a dançar nas ramas das azinheiras,com cegonhas que ficam o ano inteiro,ouvir o trovão e ver o raio, a rasgar o céus nesta paisagem, encaixilhada nas vidraças da minha janela e sentir o cheiro ardente dessa terra a bater no meu coração.
Se tu pudesses ver, saberias porque fiquei até hoje no Alentejo.

NAQUELA HORA

Fechou os olhos e conteve a respiração por um momento, não queria perder o som da voz que ainda lhe soava no ouvido depois que o telemóvel de desligou, o brilho voltara-lhe a iluminar o rosto e sorriu como à muito tempo não sorria.
Demorou-se diante do espelho tocou aquela ruga e repuxou-a para cima , e olhou-se mais um pouco, mas de repente as lembranças voltaram, o medo turvou-lhe o olhar fazendo-a estremecer e recuar diante da sua imagem sentindo-se ridícula .
Abanou a cabeça para atirar essas lembranças para bem longe, apaga-las para sempre da sua memória , mas sentiu-se impotente quando uma lágrima escaldante caiu do seu olhar e foi despenhar-se no canto da sua boca.
O telemóvel tocou, eras tu novamente.
Ela atendeu e, a ansiedade que havia em seu coração não a denunciou e sorriu ao ouvir a tua voz, atrapalhou-se com as palavras, mas ficou a ouvir-te até que desligaste novanente.