Desde a Guiné-Bissau

A todos os meu amigos que  vistam o meu espaço onde vou tentar deixar um pouquinho da minha experiência como missionária neste País, também à beira mar plantado, mas onde os recursos são escassos e raros e pagos muito para alem das possibilidades de cada um, porque o tudo aqui é quase nada para o povo guineense .Ainda não me aventurei para lá dos muros da Casa Emanuel onde de manhã até que anoiteça, confundem-me os sons do gerador com as gargalhadas das crianças a brincar no pátio do orfanato mesmo por debaixo do meu humilde e limpo quarto onde me deixo adormecer com o silencio do gerador e que liga quando o dia amanhece novamente.
Desde que cheguei ando a familiarizar-me com tudo,com as pessoas e também com a Maternidade qvai estando praparada para abrir as suas portas
Sinti  grande emoção ao encontrar-me com o equipamento que foi pertença da maternidade de Elvas , mas melhor do que todos esses sentimentos é este lugar , onde apesar da dificuldade em respirar pelo calor e o grau de humidade que se faz sentir, eu sinto-me bem aqui.
Obrigada aqueles que fizeram possível a minha estada aqui.

As horas estão a passar lentas mas o dia marcado para a viagem aproxima-se.

Ordeno calma ao meu coração e sussurro palavras tranquilas ao meu pensamento enquanto aumenta a ansiedade dentro do de mim.

Arrumo e desarrumo as malas dou a volta a manuais de instruções que revejo, para não ver o tempo passar.

O último documento que faltava já chegou da Guiné-Bissau, em correio electrónico

Com as novas tecnologias vou estando em contacto com a missionária Ana Isabel que se encontra na Casa Emanuel, ( Emanuel quer dizer Deus com nosco) tenho acompanhado alguns dos trabalhos e projectos dessa missão e sinto no meu coração uma grande tranquilidade e paz quando oiço por aqui algumas opiniões sobre o estado do país e das suas necessidades que me aumenta ainda mais a vontade de lá chegar.

Por aqui fica o meu amor num abraço grande e apertado até ao dia que vou voltar cheia de saudades de tudo e todos nesta cidade que eu amo tanto.

Durante a minha estada lá, irei dando noticias através do facebook ou aqui no blog e assim poderão acompanhar-me no projecto que a Fundação Mariana Martins ali vai desenvolver, que é, a de por em funcionamento o equipamento que pertenceu à Maternidade.

O Beke adormeceu para sempre

Como se encontram as palavras para dizer o quando dói perder uma amigo?
Como se preenche o espaço vazio, que esse amigo  nos deixou?
Não sei, só sei que me dói um sentimento dentro do peito quando não vejo aqueles olhos arregalados a tentar ler-me os pensamentos enquanto escutava a minha voz, aquela cabeça que parecia sair do lugar quando  se dizia a palavra rua.
A  amabilidade com que recebia as visitas e as festas  que lhes fazia e depois o seu desespero quando começavam as despedidas, porque não queria que me deixassem sozinha.
Um cão inteligente que me amou incondicionalmente sem se preocupar com o que recebia em troca, que esteve do meu lado quando a vida perdia o sentido, ela foi o amigo que me ajudou  e segurou naquele impulso que tem as pessoas desesperadas, ao fazer-me sentir que  precisava dos meus cuidados.
Despedi-me dele num abraço forte de gratidão enquanto ele adormecia para sempre nos meus braços .
Não vai voltar a correr pela casa nem vou ouvir o seu latido de alegria à minha chegada , pulando à minha volta. O silencio é estranho e já tenho saudades.
Amigos assim deviam viver para sempre ao nosso lado, mas a morte é a consequência da vida.

Dois meses na Guiné_Bissau


A chuva cai intensamente arrastada por rajadas de vento estrelocado que não sabe para onde soprar. Tal como o meu coração que se distrai na minha mente em pensamentos que o fazem bater tão rápido que quase dificulta o meu respirar.
O encontro com o equipamento da maternidade da Fundação Mariana Martins, doado para o Centro Medico da Casa Emanuel na Guiné-Bissau, vai ficando cada vez mais próximo e a ansiedade vai crescendo.
Estou feliz por ainda poder ser útil no curso em que me formei com tanta dedicação e onde me dou por inteiro e que apesar da idade me faz por em prática os sonhos que sonhei em menina.
A chuva continua a caiar, batendo de encontre ao telhado de zinco do alpendre do meu quintal, mais calma, porque já não há vento, mas a embalar este pensamento que esvoaça entre o passado e o presente para sorrir nesse futuro que se apresenta na minha vida cheio de dificuldades e muitos espinhos, sem que eu sinta qualquer espécie de medo.
Obrigada Deus por renovares as minhas forças  a cada dia que passa e guiares os meus passos na tua direcção, porque só TU  és o Senhor da minha vida.