Sei de cor

O quanto me doem os pensamentos, moídos pela luta que travo entre o querer e não querer transpor a barreira que me separa do imaginário onde te inventei e desnorteadamente te amei acreditando que existias verdadeiramente.

Sinto-me febril e ofegante, o coração bate a mil diante da minha janela.

Quero escrever sobre mim, mas é de ti que eu me lembro, são os teus olhos que eu recordo, é a tua a voz que me seduz e eu sucumbo extasiada ao desejo d e sentir os teus braços rodeando o meu corpo num
abraço sentido e verdadeiro.

Quero acreditar que exististe tal como eu imaginei, nesse sonho que não consegue vencer a distância do tempo, nem se apaga com as investidas dos dias que avançam,

Fui longe nesse percurso, fui para lá do tempo onde a realidade se esconde por detrás das mentiras em que acreditei até sentir-me nauseada pelo fedor do álcool, ainda impregnado nos meus sentidos e num misto de frustração e pena, regressei à minha janela.

Sei de cor todas as palavras daquele manuscrito, onde as palavras são lâminas de dois gumes que ainda hoje  me atravessaram o coração até à alma.

Mas também sei que é pensando em mim que adormeces, nessa cama onde o arrependimento te invade as madrugadas e que sou o pensamento  que tentas afogar sem exito no álcool que ingeres até te embebedares.

Porque sei-te de cor